segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Até logo

  Eu tenho pensado esses dias, sobre uma ansiedade talvez,  um medo.Não sei ao certo, Freud deve ter alguma explicação para esse sentimento que me  ocorre, juntamente com a fragilidade dos laços líquidos, Bauman rege meu pensamento.  Eu tenho muito a dizer, mas pouco vai ser lembrado na memória de cada um de vocês, eu tenho pensado na maneira de redigir os meus pensamentos, as minhas palavras nesse papel flutuante, de costurar essas linhas pensantes nessa página em branco, Eu tenho medo, sim eu tenho medo. Medo de não dizer eu te amo, medo do tempo passar rápido demais e eu não perceber  marcas da velhice sobre meu corpo. Medo da morte, medo do amanhã, medo de sofrer, parece que esse período das nossas vidas é feito de duas coisas: dor e glória. Mais dor do que glória.  Essa dor, talvez exagerada, parece que não passa e ela fica e eu tenho medo  de não sentir dor quando eu estiver crescendo e pensar que no passado eu era um jovem imaturo crescendo. Porque afinal, crescer dói, e como dói. Eu tenho a impressão de que  de acordo com o nosso crescimento, Cronos está cada vez mais perto de nos engolir. O tempo nos consome, nos carrega, nos faz crescer de maneira interrupta e agora, as pernas que nos fez engatinhar, carrega os nossos corpos pensantes. Chega um dia que caímos em um sono profundo, e Cronos aproveita para nos engolir junto com a terra, minhocas, vermes. O final de uma vida é o começo de outra. Assim como no final do céu, A Lua sempre acompanha o Sol. Ciclos interruptos. Quando me esqueço de quem eu sou, eu toco a terra, é engraçado, de alguma forma, talvez uma memória póstuma de outra vida, lembre que da onde eu vim é para onde eu vou. Sim eu tenho medo, claro que sim. Afinal, eu sou humano, um animal com sentimentos, um animal como outro qualquer. Pensar sobre o passado é assunto dos mortos, lembrar do passado é assunto dos vivos. O Futuro é uma terra distante carregada de promessas.O Presente é o agora. E hoje, eu penso que de alguma forma nossas vidas estejam conectadas com uma fita, e  em algum momento eu espero encontrar todos vocês e rir e lembrar do que já foi.


Agradeço principalmente a você Raysner, por abrir meus olhos e me fazer enxergar

Agradeço também a Vec, Nayara, Bárbara, Sofia, Pedro, Virginia, Felipe, Ana, Laura, Amanda, Raul e Isabella.

Cada um de vocês estará junto a mim para onde eu  for.

"Hora de ir embora

Quando o corpo quer ficar

Toda alma de artista quer partir"

  Ao final da cena, os atores dão ás mãos e agradecem, a cortina se fecha.

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