quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Uma reflexão...

Quero compartilhar com vocês uma reflexão que a fala de Sr. Miguel me trouxe.

Estávamos somente eu, Miguel, Yaya e Virginia na chamada e tinhamos acabado de ler meu texto desta noite. Ele disse que talvez eu pudesse estar saindo da minha zona de conforto, já que os outros textos tinham sempre uma vibe mais feliz, positiva. Com isso, entrei a fundo em minha mente e revi meus passos, falados, trejeitos... Já havia percebido algo assim antes, mas de um tempo pra cá  um ano e meio? , creio que eu esteja fungindo bastante dessa tal zona de conforto. Experimentando, arriscando, sendo. Me lembro de que, quando eu ainda ia pra escola (saudades aula presencial), sempre ao me arrumar pra sair, escolher minhas roupas, sapatos, um pensamento lá no fundo de mim perguntava: "Quem eu quero ser hoje?"

Dependendo do brinco, do tênis ou do moletom que eu usava, algo em mim mudava. Claro, eu não mudava do tipo de sair por aí chutando bundas de criancinhas ou gritando com vovós. Era eu, mas um outro eu. E esse outro eu mudava não somente o estilo de roupa, mas também o jeito de pensar, as vezes até de agir. Detalhes, pequenos detalhes que só alguém que me conheça muito bem  ou seja, eu  percebe. Louco, né? Enfim, artista.

E ao escrever não é diferente. Principalmente nestas oficinas, ando inventando de tentar mudar a cada dia. O que me diz como será o texto do dia são variadas nuances da vida, desde sentimentos próprios, momentos, sonhos, até o que o sussurro do céu me diz ou o que aquela música me traz. Eu vou oscilando. Aliás, ano passado escrevi muitos textos tristes, até porque acho que a tristeza é algo muito inspirador, mas esse ano é outro e todos aqueles fatores que citei ali atrás são novos. E é uma festa só.

Uma das melhores coisas que as nossas oficinas estão me trazendo  além de, obvio, amizades incríveis que pretendo levar pro resto da vida, coração quentinho e inspiração  é essa oportunidade de mudança quando tudo parecia ser igual demais. Sou muito grata. Cada comentário, cada "e se...", cada texto escrito, cada leitura, cada palavra e gestos e sorissos nas oficinas me inspiram e me abrem a um leque infinitos de possibilidades que eu, sozinha com meus textos e leituras, nunca conseguiria enxergar.

Posso ser muito emocionada/intensa/apaixonada, mas estou levando cada um de vocês no coração.

~ Laura

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

No último encontro, lemos "Agreste" uma peça que me lembrou muito a obra "Grande Sertão: Veredas". Deixo aqui um então, um trecho dessa obra que gosto muito. "Aquele lugar, o ar. Primeiro, fiquei sabendo que gostava de Diadorim – de amor mesmo amor, mal encoberto em amizade. Me a mim, foi de repente, que aquilo se esclareceu: falei comigo. Não tive assombro, não achei ruim, não me reprovei – na hora. Melhor alembro. ………… O nome de Diadorim, que eu tinha falado, permaneceu em mim. Me abracei com ele. Mel se sente é todo lambente – “Diadorim, meu amor...” Como era que eu podia dizer aquilo? ……… E como é que o amor desponta. ….. Coração cresce de todo lado. Coração vige feito riacho colominhando por entre serras e varjas, matas e campinas. Coração mistura amores. Tudo cabe. ……… E eu – como é que posso explicar ao senhor o poder de amor que eu criei? Minha vida o diga. Se amor ? ... Diadorim tomou conta de mim. …………. E de repente eu estava gostando dele, num descomum, gostando ainda mais do que antes, com meu coração nos pés, por pisável; e dele o tempo todo eu tinha gostado. Amor que amei – daí então acreditei. …… Um Diadorim só para mim. Tudo tem seus mistérios. Eu não sabia. Mas, com minha mente, eu abraçava com meu corpo aquele Diadorim-que não era de verdade. Não era? ……………… Diadorim deixou de ser nome, virou sentimento meu …….. Aquilo me transformava, me fazia crescer dum modo, que doía e prazia. Aquela hora, eu pudesse morrer, não me importava. ………. Diz-que-direi ao senhor o que nem tanto é sabido: sempre que se começa a ter amor a alguém, no ramerrão, o amor pega e cresce é porque, de certo jeito, a gente quer que isso seja, e vai, na idéia, querendo e ajudando; mas, quando é destino dado, maior que o miúdo, a gente ama inteiriço fatal, carecendo de querer, e é um só facear com as surpresas. Amor desse, cresce primeiro; brota é depois. …….. Tudo turbulindo. Esperei o que vinha dele. De um aceso, de mim eu sabia: o que compunha minha opinião era que eu, às loucas, gostasse de Diadorim, …… no fim de tanta exaltação, meu amor inchou, de empapar todas as folhagens, e eu ambicionando de pegar em Diadorim, carregar Diadorim nos meus braços, beijar, as muitas demais vezes, sempre. …… Abracei Diadorim, como as asas de todos os pássaros ……. Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura. ……. amor é a gente querendo achar o que é da gente"

fim (?)

Embarquei nessa viagem com o coração aberto a me reaproximar do teatro. Sentia falta do calor dos textos, de ser abraçado pelas falas e de entrar em cena. De certo que o virtual não traz a tona tantas possibilidades, mas me trouxe uma nova camada de mim mesmo. Entender minha escrita e descobrir os caminhos que me trazem para cima e por onde quero andar, foi um renascimento. 

Na maturidade, encontrei detalhes que não conhecia e que certamente constituirão quem serei daqui em diante. Fui mudado por essa oficina. Jamais esquecerei o que senti e como a escrita realmente salva e reaproxima. 

A qualidade de condução, técnica e humana, de Raysner foram surreais. Não o quero largar mais. Sua sabedoria e as colocações na horas certas e tão bem aplicadas, indicam muito mais que um orientador, mas um amigo que sabe ouvir e falar e principalmente, acertar  no que diz. Raysner, obrigado! 

Deixo meus agradecimentos a tudo e a todxs. Essa proposta foi magnífica e potente. A arte salva, a arte forma e impulsiona. A arte é necessária. Ocupar o virtual com essa oficina, certamente, foi o meu respiro de alívio nesse momento de reclusão e caos. Novamente, obrigado! 


Entrego ao futuro os abraços que não foram dados e as lágrimas e sorrisos da distância, na esperança do encontro na nova realidade que chega em breve. A companhia de todxs foi fundamental e primordial para a mudança que aconteceu por aqui. 

Deixo um grande abraço e uma chama de esperança pelo o que está por vim. Digo a todos o que digo a mim desde o inicio: não desistam.
 
Um forte abraço.
Raul. 

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Até logo

  Eu tenho pensado esses dias, sobre uma ansiedade talvez,  um medo.Não sei ao certo, Freud deve ter alguma explicação para esse sentimento que me  ocorre, juntamente com a fragilidade dos laços líquidos, Bauman rege meu pensamento.  Eu tenho muito a dizer, mas pouco vai ser lembrado na memória de cada um de vocês, eu tenho pensado na maneira de redigir os meus pensamentos, as minhas palavras nesse papel flutuante, de costurar essas linhas pensantes nessa página em branco, Eu tenho medo, sim eu tenho medo. Medo de não dizer eu te amo, medo do tempo passar rápido demais e eu não perceber  marcas da velhice sobre meu corpo. Medo da morte, medo do amanhã, medo de sofrer, parece que esse período das nossas vidas é feito de duas coisas: dor e glória. Mais dor do que glória.  Essa dor, talvez exagerada, parece que não passa e ela fica e eu tenho medo  de não sentir dor quando eu estiver crescendo e pensar que no passado eu era um jovem imaturo crescendo. Porque afinal, crescer dói, e como dói. Eu tenho a impressão de que  de acordo com o nosso crescimento, Cronos está cada vez mais perto de nos engolir. O tempo nos consome, nos carrega, nos faz crescer de maneira interrupta e agora, as pernas que nos fez engatinhar, carrega os nossos corpos pensantes. Chega um dia que caímos em um sono profundo, e Cronos aproveita para nos engolir junto com a terra, minhocas, vermes. O final de uma vida é o começo de outra. Assim como no final do céu, A Lua sempre acompanha o Sol. Ciclos interruptos. Quando me esqueço de quem eu sou, eu toco a terra, é engraçado, de alguma forma, talvez uma memória póstuma de outra vida, lembre que da onde eu vim é para onde eu vou. Sim eu tenho medo, claro que sim. Afinal, eu sou humano, um animal com sentimentos, um animal como outro qualquer. Pensar sobre o passado é assunto dos mortos, lembrar do passado é assunto dos vivos. O Futuro é uma terra distante carregada de promessas.O Presente é o agora. E hoje, eu penso que de alguma forma nossas vidas estejam conectadas com uma fita, e  em algum momento eu espero encontrar todos vocês e rir e lembrar do que já foi.


Agradeço principalmente a você Raysner, por abrir meus olhos e me fazer enxergar

Agradeço também a Vec, Nayara, Bárbara, Sofia, Pedro, Virginia, Felipe, Ana, Laura, Amanda, Raul e Isabella.

Cada um de vocês estará junto a mim para onde eu  for.

"Hora de ir embora

Quando o corpo quer ficar

Toda alma de artista quer partir"

  Ao final da cena, os atores dão ás mãos e agradecem, a cortina se fecha.

sábado, 10 de outubro de 2020

 Eles

Eles não entendem, não compreendem.

Acham que bobeira, preguiça, besteira…

Tentam se aproximar… Mas rejeito.

Talvez como proteção, não sei?!

Sei que nada sei, sobre eles e sobre mim.

Uma grande incógnita? Não…

Uma tentativa de defesa, deles ou de mim mesma 

Será? Por que? Quais são suas barreiras?

Calma, muitas perguntas de uma vez só...

Sei que nada sei, sobre eles ou sobre mim.

                                                - Ana Moreau

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

batuque espiral

tem batucado no meu pensante, inspirações que raysner confessou na aula anterior. ele citou pessoas que de algum modo, haviam lhe trago motivos ou desejos de se tornar melhor. então esticou-se na mente a imagem do raysner-jovem-sonhador, e me identifiquei, sabe? enxerguei a possibilidade de que naquela cabecinha ali, nem brotasse a percepção de que o próprio fosse pra nós, o que determinada(o) artista já foi pra ele. pensei: é óbvio, todo mundo tem em quem se projetar, até a lente dos projetores. contando nos dedos, quase me falta unha pra listar quem me dá ou já doou sementes pra plantar. e isso é bom, certo? ter quem se admirar e vê-la agindo por mérito e esforço, num mundo onde se quer estar, já faz daquela areia nos olhos um sonho parcial com vista pro mar. é possível ser artista, engenheiro, gari. aqui, tanto faz a nomenclatura. dá pra sonhar com o que a gente quiser, e observando as minhas inspirações entendi: tem um montão de gente que sonha semelhante igual à mim e você por aí. o batuque diz: será que hei de me tornar alguém assim? inspiração? involuntária representatividade do sonho de alguém? essas respostas nunca foram objetivo das grandes inspirações, mas apenas boas consequências do acaso, escrevendo eu desvendo. raysner-não-mais-jovem-porém-sonhador é um destes, que com seus cadernos de batucadas e espirais, trouxe o aroma fresco das ondas pra uma turma juvenil de escrevedores. inspiração é fruto do sonho nosso e de mais alguém. então este é o princípio do todo: sonhar, se inspirar e inspirar… certo? também têm pesquisar, escrever, treinar e todos aqueles outros verbinhos importantíssimos no dicionário labial das sábias e experientes que nos guiam. não nos esqueçamos destes.

então mesmo que nem se chegue ao pódio, no final da prestação de contas, mantre comigo:

após o trevo e a figuinha, se houver quem se diga inspirado pelo seu sonho, ao menos nunca terá sido em vão o suor na camisa.

batuque espiral

- felipe gontijo

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Eu não sei quem eu sou.

 

"Eu não sei quem eu sou.

Mas sei que essa tal de Laura pelo qual me apresento, ama muito tudo isso que vem me acompanhando desde o momento em que abri os olhos. E é curioso como às vezes tenho a impressão de me ver em livros, palavras, cores, sentimentos, chocolate, café e música. Mas no final — que ainda não chegou, mas se chegou, não vi que aqui está a me encarar, como se o mundo não fosse acabar esta noite , nada disso sou eu."

Isso é um pedaço de um texto que fiz há algum tempo. Mas independentemente da resposta sobre quem sou, há coisas que eu sei que fazem parte. Só isso. Fazem parte. Do que? Não faço ideia. O universo é feito de interrogações pra mim. Mas existe alguns momentos que só são certos, só parecem certos, só sinto que são... E são esses momentos que me fazem pensar que a vida vale a pena. Eles ficam gravados na minha mente, coração e alma e sempre ao me lembrar deles eu sei. Só sei. E, olha, ter certeza nunca foi o meu forte.

Eu comecei a viver tem pouco tempo. Sou praticamente uma recém nascida, na verdade. E durante grande parte do tempo, passei o tempo tendo uma relação complicada com o tempo. Não gostava de como ele era invencível, imprevisível, imparável. De como ele é contraditório, ao mesmo tempo ensina e mata. Inimigo e professor. E acredito que comecei a escrever para enfrentar ele. Dizia que escrevia porque toda vez que alguém lesse ou ouvisse o que a Laura do passado escreveu, ela iria renascer e, quem sabe, acompanhar a jornada do individuo sendo carregada no coração. Imortalidade, contar histórias trás isso, de um jeito mágico e fantasioso.

Hoje estou a um dia de ter "vivido" 5844 dias. Acredito que todas as Lauras de todos os segundos anteriores a este exato momento teriam orgulho de quem eu não sou. De quem nós não estamos nos tornando. E se eu pudesse encontrá-las, em algum Café, em um encontro não marcado, diria a elas que nada faz sentido, mas às vezes, só é. Diria a elas que me esbarrei por aí com essas afirmações sem sentido e que foi exatamente nelas que encontrei sentido.

E, claro, elas não entenderiam nada. Mas tudo bem. Pressa é uma coisa que aprendi a não ter. Certezas também.

Mas, enfim, o que quero dizer com tudo isso é que vocês me trazem certezas sem sentido.
Fico grata.

~ Laura...?

Uma reflexão...

Quero compartilhar com vocês uma reflexão que a fala de Sr. Miguel me trouxe. Estávamos somente eu, Miguel, Yaya e Virginia na chamada e tin...