segunda-feira, 21 de setembro de 2020

A PORTA E A JANELA

  A Porta e a Janela

(Isabella Antunes)


(Interior de um quarto, com algumas caixas de mudança. O cômodo possui uma janela e uma porta).

JANELA: (Indignada) Ele sempre te abre, não está cansada disso? 

PORTA: (Incerta) Não tem importância, (Breve silêncio) ele precisa passar.

JANELA: Você gosta disso? Alguma vez você deu permissão a ele?

PORTA: Não, mas você também é aberta, não é?

JANELA: (Abatida) Sempre.

PORTA: (Curiosa) Não está cansada disso?

JANELA: Claro que sim. Eles me abrem para observar meu exterior.

PORTA: Exterior?

JANELA: (Um momento de silêncio) Sim, o interior já tomaram.

PORTA: A casa?

JANELA: Sim.

PORTA: (Melancólica) Eles passam tanto por mim que estou rachada.

JANELA: (Enfurecida) Eles sempre batem à porta, não é?

PORTA: Na porta.

JANELA: (Morde os lábios, indignada) No final das contas, fomos feitas para sermos abertas.

PORTA: Pois é, sempre nos fazem acreditar nisso, (Confiante) mas eu quero estar fechada.

JANELA: E sua maçaneta funciona?

PORTA: (Deprimida) Não... Não fecho mais.


texto escrito a partir do exercício 01 do segundo encontro.

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