A Porta e a Janela
(Isabella Antunes)
(Interior de um quarto, com algumas caixas de mudança. O cômodo possui uma janela e uma porta).
JANELA: (Indignada) Ele sempre te abre, não está cansada disso?
PORTA: (Incerta) Não tem importância, (Breve silêncio) ele precisa passar.
JANELA: Você gosta disso? Alguma vez você deu permissão a ele?
PORTA: Não, mas você também é aberta, não é?
JANELA: (Abatida) Sempre.
PORTA: (Curiosa) Não está cansada disso?
JANELA: Claro que sim. Eles me abrem para observar meu exterior.
PORTA: Exterior?
JANELA: (Um momento de silêncio) Sim, o interior já tomaram.
PORTA: A casa?
JANELA: Sim.
PORTA: (Melancólica) Eles passam tanto por mim que estou rachada.
JANELA: (Enfurecida) Eles sempre batem à porta, não é?
PORTA: Na porta.
JANELA: (Morde os lábios, indignada) No final das contas, fomos feitas para sermos abertas.
PORTA: Pois é, sempre nos fazem acreditar nisso, (Confiante) mas eu quero estar fechada.
JANELA: E sua maçaneta funciona?
PORTA: (Deprimida) Não... Não fecho mais.
texto escrito a partir do exercício 01 do segundo encontro.
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